Publicado em 20 de julho de 2018
Servidora municipal, Mônica conta um pouco de sua trajetória
No Polo da Beleza, Mônica forma outros cabeleireiros
Embora a definição homem e mulher tenha surgido a partir de uma divisão biológica, as experiências de vida mostram que os indivíduos podem ter outras identidades. Com o passar dos anos, a luta pela igualdade e diversidade, tornou-se cada vez mais comum na sociedade a revelação de pessoas que nasceram do sexo masculino, mas transformarem-se em mulheres. E vice-versa.
A favor do respeito à diversidade e escolha de gênero, a Prefeitura de Itararé (SP) trabalha para que não haja discriminação e/ou exclusão entre a sociedade. Prova disto é a contratação da servidora municipal Mônica Regis Felipe. Transexual, ela é cabeleireira e professora no Polo de Beleza do município. “É um assunto delicado, mas não podemos transformá-lo em mais um tabu”, diz o prefeito, Heliton do Valle. “Temos uma funcionária trans. Ponto. isso não faz dela alguém inferior. É preciso que todos tenham espaço e tenham voz para se expor”, explica o gestor.
Conforme Mônica, que está em processo de mudança, tanto nos documentos, quanto no corpo, durante toda a vida dela soube que era uma mulher. “Busco a cirurgia e a troca do nome para oficializar”, detalha.
Vaidosa, ela gosta de se embelezar. “Uso maquiagens, cuido do corpo e, como toda boa cabeleireira, dou atenção especial aos cabelos”, afirma.
A funcionária conta que passou a compreender o que é o termo trans e a entender melhor o que acontecia com ela depois de muitos anos, já na fase adulta. “É necessário que tenhamos mais ajuda psicológica, mais apoio. Na época que me descobri trans procurei de hospitais a promotoria e não recebi amparo”, relembra.
Para ela, hoje as situações estão mudando. “Estamos ganhando voz e espaço. Esta oportunidade aqui na Prefeitura, sem discriminação, é digna de elogios. Este avanço é importante, mas ainda falta muito”, revela.
Segundo Mônica, a vida não é fácil. “No curso, nunca tive problemas com os alunos. Aprendi a ter uma postura que impõe respeito em sala de aula, mas isso não significa que fora dali a vida seja igual. Passei muito constrangimento, como não saber que banheiro usar ou mesmo ser impedida de usá-lo”, conta.
“Esperamos que mais locais e pessoas tenham a visão que a Prefeitura e o prefeito de Itararé”, acrescenta.
Para Heliton, o respeito deve existir independente das leis. “Hoje existem leis que protegem trans, gays, travestis e outras minorias, porém, o respeito deve vir não por medo das penalidades que a legislação impõe, mas pela compreensão de que todos têm direito a liberdade e as suas próprias escolhas”, enfatiza.
Saiba mais – A transexualidade refere-se à condição do indivíduo cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento, existindo o sentimento de incompatibilidade entre o sexo anatômico e a identidade feminina ou masculina.